A nova moda carioca é Manchete!

A estética carioca revive o legado da nossa identidade

Por Jehane Saade
Reviver é também um ato de reinvenção. Em tempos de excesso e ruído digital, quando tudo parece efêmero, volátil e instantâneo, o retorno da Revista Manchete surge como um suspiro, um gesto poético, uma afirmação afetiva — da memória, da identidade e do futuro do Rio de Janeiro.

A Manchete não volta apenas como um produto editorial: ela retorna como símbolo, sem abrir mão da sua veia pop e do seu afeto impresso. Um espelho que nos convida a recordar a elegância de um Brasil que sabia contar suas histórias com cuidado, imagens com alma e palavras que dançavam ao som da cultura.

Fundada em 1952 por Adolpho Bloch e com grande apelo e popularidade na década de 80 — incluindo as capas ousadas e inovadoras da Dijon, fundada por Humberto Saade, ícone da moda que ditava o comportamento e o lifestyle carioca — a Manchete foi mais do que uma revista: foi um retrato em movimento da nossa expansão criativa, estética e tecnológica. Hoje, sob o olhar sensível e estratégico do visionário Marcos Salles, jornalista veterano com histórico incontestável na comunicação brasileira, Salles apresenta um repertório robusto e renasce a revista com sofisticação e propósito. 

A nova edição, o novo tempo

A segunda edição da nova fase foi celebrada em grande estilo: um almoço no Golf Clube da Barra da Tijuca, com direito a paisagens clássicas e uma atmosfera de reencontro. Reuniram-se ali artistas, empresários, comunicadores e guardiões do lifestyle carioca.

Camila Farani, ícone do empreendedorismo feminino no Brasil, estampa a capa com autoridade e doçura. Sua trajetória, que une ousadia e consistência, reflete a própria proposta da revista: unir tradição e disrupção com beleza e inteligência. 

Ao lado de Alexandre Accioly — empresário que vem protagonizando a revitalização dos palcos do Rio, incluindo o relançamento do repaginado *Roxy Dinner Show* — aparece na fotografia num momento de encantamento espontâneo: os dois destaques trocaram exemplares com seus rostos estampados na Manchete, num gesto que ultrapassou o simbolismo e tocou o sublime. Foi uma troca de ideias, de olhares sobre o futuro, de memórias que se cruzam com possibilidades.

O novo Roxy, que mistura alta gastronomia a espetáculos originais, valorizando o nacionalismo com a obra Aquele Abraço, que traduz a brasilidade, foi nomeado pela Time como um dos melhores lugares do mundo em 2025 — e virou patrimônio imaterial do Rio, conforme noticiado por Ancelmo Gois. Ali, a cidade reencontra seu glamour com pegada contemporânea. E, talvez, esse seja o maior feito: devolver ao Rio sua vocação para o encantamento.

Um Rio que escreve sua própria crônica

A nova Manchete não vive apenas de nostalgia: ela é viva, plural, conectada. Em sua versão multiplataforma — que inclui impresso, redes sociais e canal no YouTube — ela amplia vozes, multiplica olhares e cultiva narrativas com curadoria.

Nas colunas, nomes como Carlos Martins, Sérgio Maciel, Germana Puppin, Fábio Ramalho, Frédéric Monnier e Alice Moraes, entre outros, se revezam em um coral de perspectivas. São crônicas sociais, roteiros culturais, sabores, tradições e turismo e viagens — tudo narrado com a alma pulsante do Rio.

Cada página é uma declaração de amor à cidade. Um compromisso com o que somos e com o que podemos voltar a ser. Uma antiga capital que, com charme e coragem, ressurge como vitrine de um Brasil sofisticado, sensível e afetivo.

Entre o afeto e o papel

Mais que uma publicação, a Manchete retorna como um abraço no leitor. Um convite para folhear com calma, sentir o cheiro da tinta, ouvir com os olhos, tocar com a memória.

Em tempos de algoritmos e superficialidades, ela propõe pausa, curadoria e pertencimento. A aposta no impresso é, também, um ato de resistência estética e emocional: porque investir em cultura é investir na inteligência sensível de um povo. 

E o Rio, sempre ele, responde com gratidão e reencantamento. Porque para acontecer de verdade — com charme, com história, com substância — só mesmo na Manchete.